Índia bate recorde de casos de Covid pela 13ª vez em 15 dias

 Cidade de Mumbai está em lockdown por conta da pandemia do coronavírus — Foto: Francis Mascarenhas/Reuters

A Índia registrou 273.810 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, o 13º recorde diário nos últimos 15 dias, apontam dados divulgados pelo ministério da Saúde do país nesta segunda-feira (19) e do projeto "Our World in Data", ligado à Universidade de Oxford.

Em meio à forte segunda onda no país, a capital Nova Délhi ficará sob bloqueio total por sete dias, anunciou o ministro-chefe da cidade, Arvind Kejriwal. "Se não impormos um confinamento agora teremos um desastre maior. A partir desta noite teremos um confinamento até a próxima segunda".

O comércio será fechado e os deslocamentos serão autorizados apenas para os serviços considerados essenciais. Restrições similares já foram adotadas em outras regiões do país, como os estados de Maharashtra, onde fica a capital financeira Mumbai, e Tamil Nadu.

Segundo o ministro-chefe da capital indiana, "o sistema de saúde de Nova Délhi está à beira do colapso" e a situação "é bastante crítica", com falta de leitos, de oxigênio e de remédios.

"O confinamento não vai acabar com a pandemia, mas vai desacelerar. Vamos aproveitar o confinamento de uma semana para melhorar a situação dos hospitais, que estão sob forte pressão e perto do limite", afirmou Kejriwal.

O segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, também registrou mais 1.619 mortes em um dia, o segundo pior número da pandemia (atrás apenas dos 2.003 óbitos registrados em 16 de junho) e chegou a 178.769 vítimas desde o início da pandemia.

A Índia é o quarto país com maior número de mortes, atrás de Estados Unidos (567 mil), Brasil (373 mil) e México (212 mil).

Com o novo recorde de infectados, a Índia passou dos 15 milhões de casos confirmados e está atrás apenas dos EUA (31,6 milhões), que detém a maior marca de casos registrados em 24 horas: mais de 300 mil confirmados em 2 de janeiro.

No final de janeiro e começo de fevereiro, o país estava registrando menos de 10 mil infectados e cerca de 100 mortes por dia.

O governo indiano culpa o desrespeito ao distanciamento social e o não uso de máscaras como causas para o surto. Médicos e especialistas apontam também como motivos a complacência do governo, que se recusa a adotar um lockdown nacional, e novas variantes do coronavírus.

A Índia vive um período de festivais religiosos, com desrespeito às medidas de restrição mesmo com hospitais lotados. Na semana passada, milhões de devotos desceram às margens do rio Ganges, na cidade de Haridwar, para mergulhar na água durante o festival Kumbh Mela

Vacinação contra Covid

O recorde de casos ocorre em meio à aceleração da vacinação contra a Covid-19 no país. A Índia é o maior produtor mundial de vacinas e iniciou em janeiro sua campanha de imunização, que demorou a engrenar.

O país passou a restringir a exportação de vacinas para aumentar a sua velocidade de vacinação, o que tem mostrado resultado. O país é o terceiro país que mais aplicou doses até o momento (122 milhões), atrás apenas de EUA (205 milhões) e China (188 milhões), segundo o Our World in Data.

O país tem aplicado uma média de mais de 3 milhões de doses por dia desde 5 de abril, também atrás de China (3,37 milhões) e EUA (3,20 milhões). Até fevereiro, a média diária era inferior a 500 mil.

Mas há relatos de falta de doses em vários estados, incluindo Maharashtra, e centros de vacinação têm fechado mais cedo e recusam pessoas à medida que os imunizantes acabam.

E o país ainda tem uma vacinação proporcional à população ainda pequena (8,89 doses a cada 100 habitantes), número muito inferior ao dos EUA (61,56) e menor que o da média mundial (11,42) e até da China (13,07), país mais populoso do mundo.Aviso sobre falta de vacinas contra a Covid-19 em centro de vacinação em Mumbai, na Índia, em 8 de abril de 2021 — Foto: Francis Mascarenhas/Reuters

Aviso sobre falta de vacinas contra a Covid-19 em centro de vacinação em Mumbai, na Índia, em 8 de abril de 2021 — Foto: Francis Mascarenhas/Reuters  G1

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