Vítimas de explosão em casa de fogos de Crisópolis eram casadas; prefeito diz que não sabia de funcionamento

Fernanda e Ebervan morreram na explosão da fábrica de fogos, em Crisópolis — Foto: Arquivo pessoal

As duas vítimas mortas na explosão da casa de venda de fogos de artifício, que também funcionava como fábrica clandestina em Crisópolis, a cerca de 212 km de Salvador, eram casadas. A filha do casal, uma adolescente de 13 anos, ficou ferida na explosão, ocorrida na quarta (14) e está internada em hospital de Salvador.

O proprietário do estabelecimento, identificado pelo prenome de Paulo, foi preso no mesmo dia. Informações iniciais também apontam que ele faz parte da mesma família, e seria pai de Ebervan Souza Reis, de 49 anos, que morreu no local.Além das duas vítimas mortas, outras três pessoas foram resgatadas dos escombros, mas com vida. No total, ao menos 10 pessoas ficaram feridas na explosão.

Moradores de Crisópolis informaram que a família tinha um histórico de produção e venda de fogos de artifícios no município, um negócio que era passado de pai para filho há cerca de 100 anos. No entanto, o prefeito da cidade disse que não sabia que o local funcionava como uma fábrica clandestina.

Nesta quinta, Leandro Dantas disse que a prefeitura sabia apenas que havia uma banca de vendas no centro da município, na Avenida Nelson Santiago. Ele disse ainda que Crisópolis não tem tradição na fabricação de fogos de artifício.

“A gente via uma banquinha [de vendas], sabia que era residência deles. Mas não tinha conhecimento de fábrica de fogos, inclusive no centro da nossa cidade, uma fábrica com essa proporção. Tradição de fazer fogos, eu não sabia. Que ele vendia, colocava banquinha – principalmente na época de festejos juninos – todos sabem disso", disse.

Um inquérito foi aberto pela delegacia da cidade, para investigar a situação. Leandro informou ainda que a prefeitura vai fazer um levantamento de outros locais que também vendam fogos de artifício, para que haja fiscalização.

"Não temos conhecimento de outros locais que vendam fogos de artifício, mas nós vamos levantar e fiscalizar. Apurar para saber quantos têm, porque Crisópolis não tem essa cultura de fabricação de fogos de artifício. Para a gente foi uma surpresa, para mim que estou assumindo agora a gestão", falou.

O diretor-superintendente da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), Paulo Sérgio Menezes, que está na cidade de Crisópolis nesta quinta-feira, disse que ainda há risco de desabamentos no local da explosão, por causa dos danos nas estruturas.

“É um trabalho muito difícil, muito cuidadoso, criterioso, porque ainda tem estrutura que corre o risco de desabar. Temos informações de que ainda existe uma quantidade de explosivos nessa laje e então todo o trabalho está redobrado. O Corpo de Bombeiros e os nossos técnicos estão tendo todo um cuidado para que não ocorra um segundo desastre, porque seria muito pior, até pela quantidade de gente que já está trabalhando nessa área", disse.

Ainda segundo Paulo Sérgio, o apoio da Polícia Militar também será importante na região, para evitar que os curiosos se aglomerem no local, aumentando o risco de mais pessoas serem machucadas, caso haja um novo incidente na área.

"É importante, inclusive, acionar a Polícia Militar para que não permita, de forma alguma, o acesso de curiosos e das pessoas aqui da cidade a essa área, que vai estar restrita para as pessoas e os técnicos que estão trabalhando nesse sinistro para corrigir o mais rápido possível e trazer a normalidade de volta para a cidade”, avaliou.

O dono do estabelecimento foi autuado pela posse e fabricação de artefato explosivo sem autorização e está preso à disposição da Justiça. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizou a perícia no local.

A titular da delegacia de Crisópolis, a delegada Débora Vânia Cruz Ferro, informou que os laudos periciais, depoimentos e demais elementos coletados auxiliarão a explicar o que causou a explosão. 

G1

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