Bahia : Chefe da SSP-BA diz que Governo Bolsonaro estimula 'máfia instalada em Salvador'

O secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Ricardo Mandarino, em entrevista ao BNews nesta segunda-feira (24), comparou o caso do mercado Atacadão Atakarejo com o do famoso filme "Poderoso Chefão", ao afirmar que se trata de uma máfia instalada em Salvador. O crime aconteceu no dia 26 de abril, quando Bruno e Yan Barros da Silva aparecem mortos. Segundo a família das vítimas, eles foram entregues por funcionários do estabelecimento a integrantes de uma facção criminosa do bairro do Nordeste de Amaralina.

"É o caso mais importante que já peguei. Aquilo é de uma simbologia extraordinária, aquilo representa tudo de ruim que a sociedade tem. Tudo que não presta, você pega pobre matando pobre. Preto matando preto e alguém por trás, estimulando esse tipo de política. Ninguém é bobo para achar que aquilo ali foi um fato isolado, aquilo decorre de uma prática que deve ser constante. Eles trabalham assim: chegam para os executores deles e dizem assim: 'deem um jeito nisso aí'. Eles não mandam matar, diz 'dê um jeito', você deve ter assistido Poderoso Chefão. A pessoa dá um jeito, aí se der problema, diz 'não mandei você matar'", explica.

Para Mandarino, a culpa passa pelo governo federal, comandando pelo presidente Jair Bolsonaro. "Ainda você dá nota que você é a favor da legalidade, do respeito. Você não é a favor de nada. Aquilo é de uma mentalidade que está incrustada na sociedade brasileira, nesse governo infame que nós temos, que estimula esse tipo de coisa, de que bandido bom é bandido morto. Como a polícia não mata, não deve matar e nem pode. É um absurdo pensar nisso. A polícia não mata, então o trabalho da polícia não serve para eles, não. Eles buscam o trabalho que julgam mais eficiente, que é matar os caras, aí entregam para o crime organizado. Isso é um absurdo. Isso vai servir de exemplo para que não se repita", ponderou.

O chefe da SSP-BA disse ainda que, "se essas práticas haviam aqui, se essas práticas eram existentes aqui, a gente tem que cortar o mal pela raiz", e se mostrou contra o armamento da população. "Não tenho dúvida nenhuma que é um poder paralelo. É o pessoal se valendo de milícia por trás disso, e o que alimenta essa ideia? O que alimenta é 'vamos armar a sociedade'. Armar população é um absurdo. Ninguém tem que andar armado, não. Quem tem que andar armado é a polícia, o Exército e as forças armadas, só. Eventualmente um fazendeiro que possa ser assaltado, ter sua fazenda invadida, possa justificar um porte de arma, mas aqui na cidade, as pessoas andarem armadas? Arma só serve para trazer desgraça. Você ficar armando o povo e usando a milícia, o governo que estimula a milícia. Esse governo é a favor de milícia", enfatizou.

Por fim, Mandarino disse que as investigações seguem em curso e que terá respostas positivas para a sociedade. "Então vocês podem ficar tranquilos que aquele caso do Atakarejo está sendo investigado a fundo. Nós vamos ter respostas positivas, eu não posso dizer a linha de investigação que estamos adotando, mas a gente vai chegar muito bem, muito alto, podem estar certo disso. Não posso dizer senão atrapalha, mas não está esquecido, está todo a vapor", concluiu.

B.News