Uma cidadania dirigida por um padrão de sociabilidade próximo da perspectiva do mau convívio de todos contra todos, associada a um Estado omisso, incapaz e incentivador de culto a estupidez no trânsito, tendo como resultado desta nefasta união, uma carona para a morte. Este é um possível quadro, pintado à cor grená de sangue em um gigantesco cemitério, próximo a 80 mil covas abertas em curvas e retas das estradas federais brasileiras, no período entre 2009 e 2019.
O desenho é de um campo santo a motor como a expressão do mal sobre rodas, banalizado na mórbida calculadora em mais de 5 mil óbitos, somente este ano. Acresce ao número hiperbólico, a análise qualitativa, uma vez estarem as pistas proporcionalmente vazias à medida da necessidade de ficar em casa, como barreira não-imunológica de evitar o coronavírus, além da elevação exponencial e inibidora dos preços de combustível.
O compromisso era de reduzir pela metade a quantidade de óbitos, mas o Brasil ficou devedor junto à Organização Mundial de Saúde, reconhecendo-se, todavia, o esforço, com diminuição de 26% dos acidentes. Reproduz o mundo das pistas o cotidiano violento, aproximando o perfil médio brasileiro mais à selvajaria e menos à civilização, bastando citar o maior volume de vulneráveis, entre os quais, os pedestres, os motociclistas e os ciclistas.
Outro dado capaz de dizer muito da vocação nacional é o descuido com as crianças, principais vítimas, apesar de a obrigatoriedade do uso de assento no banco de trás contribuir para frear o infanticídio.
Ocupa o Brasil desonrosa posição de quarto colocado, em suposta copa
mundial de letalidade, superado apenas por China, Índia e Nigéria,
contabilizados contingentes absolutos, fechando assim, o sinal para o
lema positivista da bandeira, pois sem os valores respeito e civilidade,
não há ordem por meio nem progresso como finalidade.A Tarde
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