'Não consigo comer e nem dormir', diz vítima de estupro na cadeia por agente penitenciário

 Abuso sexual teria ocorrido em banheiro dentro do complexo prisional



A vítima de estupro na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, disse ao EXTRA nesta segunda-feira, após a Justiça concedê-la liberdade, que "está tentando esquecer" o pesadelo que viveu.

A jovem de 24 anos, que havia sido presa por tráfico de drogas, explicou que só deverá receber o coquetel de medicamentos contra doenças sexualmente transmissíveis na quarta-feira, considerando o feriado desta terça-feira. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), ela ficará em liberdade provisória acautelada, "mediante compromisso de cumprimento de algumas medidas cautelares".

— Eu estou tentando esquecer isso tudo. Não consigo comer e nem dormir depois que tudo aquilo que aconteceu. Estou me sentindo mal e com muita dor — lembrou a jovem na entrevista.

O suspeito de ter estuprado a detenta foi identificado como o agente penitenciário Alcides Barbosa de Abreu. Segundo a polícia, o crime aconteceu poucas horas após a mulher dar entrada no presídio no sábado. Ao EXTRA, ela relatou que, ao chegar para fazer a triagem, o agente a chamou para ir com ele ao banheiro.

— Ele disse que era para eu ver o banheiro. Quando eu cheguei lá, ele já estava com as partes íntimas para fora. Eu falei com ele que era para parar com aquilo porque eu não queria. Eu disse que iria gritar e que eu tinha um advogado — contou. — Eu nunca quis aquilo. Estou muito triste com tudo aquilo que aconteceu. Quero que a Justiça cobre dele e que ele pague.

A decisão para a soltura imediata da vítima foi do juiz Alex Quaresma Ravache, do Plantão Judiciário. De acordo com o magistrado, a jovem não poderá deixar a cidade sem autorização judicial. Além disso, a mulher deverá ir mensalmente a justiça para comprovar residência. Pouco depois das 19h, o alvará de soltura chegou à cadeia, e às 20h08 a mulher deixou o local. Na manhã desta segunda-feira, a jovem procurou atendimento médico e fez uma bateria de exames. Profissionais de saúde receitaram para a jovem um coquetel antidoenças sexualmente transmissíveis.

Corregedoria apura o caso

Kleber Pereira, advogado da vítima, afirmou à TV Globo acreditar que pode haver precedentes.

— Acreditamos que outras vítimas irão procurar a delegacia para que, depois do relatado pela vítima, não ocorra mais (o crime) com outras presas.

Secretário de Administração Penitenciária, o delegado Fernando Veloso esteve na Cadeia Pública José Frederico Marques na tarde desta segunda-feira. Ao telejornal RJTV2, Veloso disse que o agente poderá ser “demitido” dos quadros da instituição.

— A corregedoria foi acionada para que apurasse com rigor as penas em razão disso. E uma delas é a demissão. Ele vai ter o espaço para apresentar o contraditório. Agora ao final, esse processo vem para mim e nós vamos apreciar isso considerando a gravidade desse fato
Agência O Globo

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