Polícia Civil vai investigar PM por não ter acionado delegacia no caso dos dez mortos do Complexo do Salgueiro

Agentes da Polícia Civil chegam à comunidade para fazer perícia nos corpos Agentes da Polícia Civil chegam à comunidade para fazer perícia nos corpos Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

O delegado que apura os responsáveis pelas dez mortes na localidade da Palmeira, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Bruno Cleuder, afirmou que vai investigar o motivo de a Polícia Militar não ter comunicado o fato à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI). O delegado não quis dar entrevista, assim como o promotor da 2ª Promotoria de Investigação Criminal de São Gonçalo.


As mortes ocorreram um dia após o sargento da PM Leandro Rumbelsperger da Silva, de 40 anos, ser assassinado, durante um patrulhamento no Complexo do Salgueiro.

Segundo o tenente-coronel Major Blaz, a grande maioria dos mortos estavam vestidos com roupas ou itens de camuflagem. A Polícia Militar disse ainda que vai instaurar inquérito para apurar o ocorrido.

Entre os mortos está Kauã Brener Gonçalves Miranda, de 17 anos. Segundo familiares, o jovem era o mais velho de cinco irmãos e estava com amigos.

— Todo mundo gostava dele. Era um irmão bom. Não entendemos o que aconteceu. Minha mãe está a base de remédios com essa tragédia — disse a estudante Kailane Jully Gonçalves, de 15 . — É o mais velho de cinco irmãos irmãos — completou.

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A desempregada Milena Menezes Damasceno, de 35 anos, é irmã do ajudante de pedreiro Rafael Menezes Alves, 26 anos, conhecido como Bob. Segundo a mulher, o irmão está entre os mortos. Desde as primeiras horas do dia, ela vela o corpo do irmão caçula de cinco filhos:

— Meu irmão era nascido e criado aqui. Ele era ajudante de pedreiro e estava na rua quando tudo aconteceu. Ele estava bebendo com os amigos quando os policiais arrastaram ele e fizeram isso.

Corpos foram recolhidos por moradores da comunidade Corpos foram recolhidos por moradores da comunidade Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

A funcionária pública Cleonice da Silva Araujo, de 56, veio de Maricá, para acompanhar a retirada do corpo do irmão Hélio da Silva Araujo, de 53. Ela afirma que o irmão foi morto.

— Aqui ninguém tinha nada contra ele. Se fosse um tiro eu até aceitava. Mas eles degolaram o meu irmão. Infelizmente, a justiça funciona assim. Ele morava aqui há 10 anos. Enquanto continuarem assim, muitas vítimas serão mortas desse jeito — denunciou.

Corpos foram retirados de mangue pelos próprios moradores 

Corpos foram retirados de mangue pelos próprios moradores Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Idosa baleada

Uma idosa foi baleada no fim da manhã deste domingo no Complexo do Salgueiro. Em nota, a Polícia Militar informou que o 7º BPM foi verificar uma ocorrência envolvendo a entrada de uma pessoa ferida no Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo. O órgão afirmou que a situação foi constatada na unidade de saúde e que não havia informações sobre as circunstâncias da ocorrência, que foi encaminhada para a 72ª DP (São Gonçalo).

A PM disse ainda que, na tarde deste domingo, agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) atuaram no Complexo do Salgueiro, após informação de que um dos indivíduos que atacaram a equipe do 7º BPM, no último sábado, estaria ferido ainda no interior desta região. As equipes foram atacadas nas proximidades de uma área de mangue com mata, ocorrendo um intenso confronto. Na ação, foram apreendidos duas pistolas, munição calibre 9 mm, 56 munições de fuzil calibre 762, cinco carregadores (02 para fuzil e 03 para pistola), um uniforme camuflado, 813 tabletes de maconha, 3.734 sacolés de pó branco e 3.760 sacolés de material assemelhado ao crack. A ocorrência foi registrada na 72ª DP.

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