"Não é possível interferir em preço dos combustíveis", diz ministro Adolfo Sachsida

Petrobras terá o quarto presidente no atual governo. Transição pode ser concluída em nove dias

Brasília - O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta terça-feira (21), não ser possível interferir no preço dos combustíveis, e que tal questão "não está no controle do governo", mesmo que a União seja o acionista majoritário da Petrobras."Honestamente, preço é questão da empresa, não do governo", disse o ministro, emendando que existem marcos legais que impedem a intervenção do Executivo na administração da empresa. As afirmações foram feitas em audiência pública na Câmara dos Deputados, que acontece em meio a pressão do governo e da cúpula do Congresso contra a Petrobras, após a petroleira não ceder a pressões e reajustar o preço dos combustíveis.


"Entendo que muitos dos senhores são cobrados, difícil para população entender porque não intervimos", disse Sachsida. Ele ainda afirmou "existe sim" um problema de tributação no preço dos combustíveis, e lembrou a iniciativa do governo de reduzir impostos federais e de limitar a tributação pelos Estados. Segundo o ministro, tais ações encontram respaldo em países europeus e Estados americanos, que tentam também "diminuir" os efeitos da guerra na Ucrânia.

"Tão logo começa a guerra na Ucrânia ocorrem dois movimentos que nos afetaram muito, o primeiro escalada do preço do petróleo, e o segundo movimento, deslocamento do preço do diesel em relação ao preço do Brent. Empresas saíram da Rússia por questão de credibilidade, mas quando saíram da Rússia essas refinarias acabaram ficando um pouco pra trás, capacidade de refino caiu um pouco e preço do diesel acabou aumentando em relação ao Brent", disse o ministro, voltando a ressaltar que o Executivo e Legislativo "estão trabalhando juntos para amenizar efeitos da crise". "Estamos trabalhando para que medidas aprovadas sejam corretamente implementadas pelos entes subnacionais."

Lucro e distribuição de dividendos
O ministro de Minas e Energia apresentou na audiência na Câmara dos Deputados dados comparativos entre a Petrobras e outras petroleiras para destacar números de lucro e dividendos registrados pela estatal. Ele citou, por exemplo, que a estatal está na terceira posição em relação ao resultado de lucro líquido, "mesmo sendo a sexta" em produção.

"E é a segunda que mais distribuiu dividendos", afirmou Sachsida "Petrobras é uma empresa que está distribuindo bastante dividendos e tendo lucro", disse. O alto lucro da Petrobras está na mira da classe política.

Outro dado destacado pelo ministro foi o de gastos com empregados. Na Petrobras, esse número representa 7,1% das vendas, enquanto que a média das outras petroleiras, excluindo a estatal, é de 4,8%.

"Começo mostrando a composição acionária da companhia. Importante entender que 44,5% dos acionistas são investidores não brasileiros; 18,8% são brasileiros e 36,6% é formado pelo grupo de controle: governo federal, BNDES e BNDESpar", disse Sachsida.

Nova gestão não será 'mais do mesmo'
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse ainda que é um engano pensar que a gestão da Petrobras a ser conduzida pelo futuro presidente, Caio Paes de Andrade, será "mais do mesmo". Andrade será o quarto presidente da empresa durante o governo de Jair Bolsonaro e substituirá José Mauro Coelho, que renunciou ao cargo na segunda-feira (20). A transição pode ser concluída em nove dias.
"Quando cheguei no Ministério trouxe uma nova filosofia, de competição. A Petrobras precisa competir e é por isso que troquei o presidente e está sendo trocado o Conselho de Administração, pois a empresa precisa se preparar para um novo tempo, de competição", disse. "Quem acha que estamos mudando para mais do mesmo, acho que está enganado", afirmou.

Ao longo da audiência pública na Câmara, o ministro foi questionado sobre a responsabilidade da União pelas indicações para a presidência e Conselho de Administração da estatal. Sachsida sinalizou que concorda com a avaliação. "E, quando nomeia errado, troca", disse ele.
"Quem indicou o Conselho de Administração foi o governo. De maneira alguma quero criticar o conselho atual, de maneira alguma quero criticar o presidente José Mauro, são pessoas competentes e, certamente, estão fazendo o que acreditam ser melhor para o Brasil e as agradeço por isso", disse em resposta aos deputados.
Fonte:Tribuna do Norte

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