A poucos dias do tarifaço, governo reforça que soberania é inegociável, mas que quer diálogo

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O governo brasileiro reforçou que a soberania do Brasil é inegociável nas conversas sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Por meio de nota no domingo (27), o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) também afirmou que se mantém aberto ao diálogo com os EUA e reforçou a longa relação comercial com o país.

“Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano”, diz o órgão.

“O Brasil e os Estados Unidos mantêm uma relação econômica robusta e de alto nível há mais de 200 anos. O governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria histórica, assegurando que ela continue a refletir a profundidade e a importância de nossos laços”, finaliza a nota.

Nesta segunda-feira (28), o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que espera que o país estabeleça tarifas na faixa de 15% a 20% para os países que não chegarem a um acordo comercial negociado com Washington.

O vice-presidente e chefe do Mdic, Geraldo Alckmin, vem sendo o representante do Brasil da negociação com os EUA desde o anúncio da sobretaxa de 50% a produtos brasileiros, feito pelo presidente americano.

Antes dos 50%, Trump já havia antecipado um aumento de tarifas a uma lista de países, incluindo o Brasil. Na época, os produtos brasileiros foram sobretaxados em 10%. De acordo com o governo, as tentativas de diálogo com os americanos veem desde maio, incluindo o envio de duas cartas oficiais ao país, sem retornos.

Em evento público na última sexta-feira (25), o presidente Lula (PT) chegou a dizer que Alckmin tem ligado todo dia para os Estados Unidos, mas que “ninguém quer falar com ele”.

Na véspera, o vice-presidente havia afirmado que conversou com o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no último sábado (19) quando reiterou a disposição do governo brasileiro de negociar para evitar a sobretaxa.

Ao mesmo tempo, Alckmin vem se reunindo com empresários e representantes de setores da indústria, do agronegócio, da tecnologia e outros segmentos para tratar dos impactos da sobretaxa na economia brasileira.

Trump usou como justificativa para a sobretaxa o tratamento da justiça brasileira ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), acusando o Brasil de perseguição pelos processos enfrentados por ele no STF (Supremo Tribunal Federal).

Lula e a equipe do governo, no entanto, já afirmaram que as decisões do Judiciário e aspectos da política interna brasileira não estão abertas à negociação, e condenaram a contaminação política na relação econômica feita pelo americano.

O chanceler Mauro Vieira está em Nova York nesta semana para uma conferência da ONU que discutirá uma solução de dois Estados no conflito Israel-Hamas, mas não há previsão até o momento de ser recebido pelo governo Trump para tratar das tarifas.

Mariana Brasil/Folhapress

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