A chegada de dez policiais civis à penitenciária da instituição — suspeitos de envolvimento com o crime organizado — mudou a dinâmica comportamental da população carcerária do Presídio da Polícia Civil, na zona norte paulistana. Os agentes foram colocados atrás das grades, em decorrência de investigações diferentes, entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano.
A conduta ilegal atribuida aos delegados e investigadores detidos chegou a ser comparada, pela Corregedoria da Polícia Civil, às ações do Primeiro Comando da Capital (PCC), cujos líderes coordenam a atividades criminosas nas ruas, mesmo estando atrás das grades.
Documento do órgão fiscalizador, obtido pelo Metrópoles, afirma que os agentes encarcerados se dividem em “células criminosas”.
“Do ponto de vista criminológico, numa análise indutiva, o comportamento dos alvos investigados, particularmente em relação ao trato com o cárcere, remete a uma analogia precisa com integrantes do sistema prisional brasileiro, particularmente dos membros da facção PCC, onde a estratégia de uso de recursos tecnológicos de comunicação com o mundo externo foi o mesmo adotado pelos investigados em relação ao cárcere que ora suportam junto ao Presídio Especial da Polícia Civil”.
A afirmação foi feita após a apreensão de celulares e dinheiro, em um intervalo de menos de dois meses, além de drogas e até anabolizantes nas celas dos policiais presos.
“Cisão e turbação”
O documento ainda destaca que a chegada dos dez policiais, os quais compõem três núcleos distintos, provocou “uma clara cisão e turbação” da rotina e dos “protocolos carcerários” do presídio policial.
“A população carcerária, então existente, primava pela ordem e boa convivência com a direção da unidade prisional, não havendo histórico de ocorrências de repercussão e relevância, como as que serviram de objeto para aquela busca e apreensão judicial nas celas”.
As ocorrências, que resultaram nas apreensões mencionadas pela Corregedoria, ocorreram em 4 de fevereiro e em 17 de março.
Somando as duas datas, foram apreendidos 30 celulares, R$ 32.705,91, sete facas, dois computadores, além de maconha, bebidas alcoólicas e, até, anabolizantes.
“Tentáculos”
A Corregedoria acrescentou no relatório que os três novos núcleos de policiais presos contam com o poderio financeiro do crime, criando “tentáculos” de dentro para fora do presídio.
Aliado à “uma grande vulnerabilidade” da segurança da unidade carcerária, pontua ainda o documento, o poder de ação dos dez policiais detidos gera preocupação de uma “fuga iminente” — por meio de “arrebatamento” ou, ainda, com a eventual escavação de um túnel para o resgate dos presos.
Fonte:Metrópoles
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