
O governo da República Dominicana anunciou nesta terça-feira (30) que não convidará Venezuela, Cuba e Nicarágua para a Cúpula das Américas, para garantir “a maior participação possível” de países no evento, que será realizado nos dias 4 e 5 de dezembro em Punta Cana.
“O não convite a Cuba, Nicarágua e Venezuela — países que, por diversas razões, decidiram não fazer parte da OEA [Organização dos Estados Americanos] e que também não participaram da passada edição da Cúpula das Américas — constitui uma decisão que, devido às circunstâncias hemisféricas, favorece a maior convocação”, expressou a chancelaria dominicana em comunicado.
As três nações já tinham sido excluídas da Cúpula das Américas de 2022, em Los Angeles. A recusa do governo dos Estados Unidos em convidar os três países levou a que outros presidentes, como o mexicano Andrés Manuel López Obrador, o boliviano Luis Arce e a hondurenha Xiomara Castro, não participassem do encontro.
De acordo com o governo de Luis Abinader, a República Dominicana, atual anfitriã, “decidiu, diante do contexto de polarização, priorizar o sucesso do encontro, estendendo o convite para o maior número possível de países”.
“A República Dominicana adotou a decisão que considera mais favorável para garantir a maior participação possível na Décima Cúpula das Américas. O governo estima ser preferível criar as condições que garantam o mais amplo diálogo político, com o mais alto nível de representatividade hemisférica”, explica o comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores da República Dominicana alega ainda que a coordenação da cúpula pela OEA “estabelece limitações específicas quanto à participação” dos países.
Apesar da exclusão, o governo de Abinader afirmou que as relações com Cuba são “sólidas e excelentes”, e que as diferenças políticas “vêm sido administradas sempre com respeito recíproco”.
Sobre a Nicarágua, expressa que os laços com o país são “cordiais” e que o comércio bilateral é “equilibrado”.
A pasta lembra, no entanto, que o governo dominicano não reconheceu a legitimidade das últimas eleições presidenciais venezuelanas, e que Caracas suspendeu as relações diplomáticas entre os países.
Cuba respondeu rapidamente à decisão do país anfitrião. Em comunicado, a chancelaria da ilha expressou “profunda preocupação e rejeição” ao que afirma ser uma “decisão imposta pelo governo dos Estados Unidos à República Dominicana”.
“Com a exclusão de vários países, seria consolidada a involução histórica neste sistema de cúpulas e tornaria impossível uma troca respeitosa e produtiva da América Latina e do Caribe com a potência imperialista que volta a usar a ‘diplomacia das canhoneiras’ e a Doutrina Monroe contra nossa região”, manifestou.
Cuba afirma ainda que com a decisão, prevalecerá “a subordinação e a submissão ao vizinho voraz e expansionista, que ameaça a paz, a segurança e a estabilidade regionais”.
Havana também argumenta que a medida do país anfitrião ignora o “protesto” regional à anterior exclusão desses países e que não é possível “falar seriamente de ‘diálogo político’” quando o encontro se baseia em “censura e exclusão”.
“Reiteramos nossa disposição ao diálogo respeitoso e construtivo, em condições de igualdade soberana e sem exclusões”, adiciona.
Fonte:CNN
0 Comentários