A Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de Feira de Santana recuperou uma caminhonete Toyota Hilux avaliada entre R$ 160 mil e R$ 180 mil nesta quarta-feira (22). Conforme
já divulgado no portal Acorda Cidade, o veículo havia sido alvo de
apropriação indébita e estava em uma loja de seminovos na Avenida Maria
Quitéria. O caso envolveu um idoso, advogado, morador do Rio de Janeiro, que vinha sendo enganado há quase dois anos.
De acordo com o delegado José Marcos, responsável pela ação, o proprietário procurou a delegacia nesta semana relatando ter deixado o veículo em Feira de Santana para conserto após um acidente, durante uma viagem do Rio de Janeiro para Maceió.
“Ele acabou se envolvendo em um acidente aqui nas
proximidades de Feira de Santana e esse carro foi trazido para Feira
para conserto. O indivíduo se apresentou como suposto mecânico e ele
ficou desde então enviando dinheiro para o carro ser consertado. Esse
idoso foi sendo ludibriado. Chegou a enviar a quantia de R$ 70 mil para
conserto. E o carro realmente foi consertado, embora o valor do conserto
tenha sido muito menor do que esse valor”, explicou o delegado. O
acidente foi próximo ao município de Entre Rios.
Segundo José Marcos, o suposto mecânico que recebeu o carro não tinha oficina e atuava como corretor de veículos. “Temos a indicação da pessoa, que não é mecânico. É uma pessoa que trabalha como corretor de venda de veículos. Não tem loja de veículos. É um freelancer. Já tem histórico de fraudes, de estelionato, de atuação desse tipo envolvendo veículos e dessa vez a gente conseguiu recuperar esses veículos”, afirmou o delegado ao Acorda Cidade.
Após investigação, a Polícia Civil representou pela busca e apreensão do veículo, deferida pela 3ª Vara Criminal de Feira de Santana. O delegado informou que o carro foi localizado e apreendido nesta quarta-feira (22). “Fizemos a apreensão desse veículo. Ele vai ser periciado e restituído ao proprietário. Ele já está em Feira para retirar o veículo. Os envolvidos serão ouvidos”.
Segundo o delegado, o conteúdo do celular do lojista também será analisado para verificar se houve algum tipo de fraude.
O veículo havia sido transferido de forma fraudulenta para o nome de outra pessoa e já havia passado por diferentes mãos antes de chegar à loja onde foi encontrado. Segundo o delegado, o lojista alega que não tinha conhecimento da origem ilícita do veículo.
“Primeiro, o indivíduo que é acusado de ter feito toda a fraude vendeu para um lojista, esse lojista vendeu para um particular, esse particular agora vendeu para esse outro lojista. Então já é o segundo lojista que tem esse carro em mãos. Segundo o que comprou recentemente, ele pagou R$ 200 mil nesse carro. O legítimo dono alega que nunca transferiu esse carro, nunca assinou nada. Então nós vamos investigar como se deu essa fraude, se foi em cartório, no Detran ou no sistema”, afirmou o delegado ao Acorda Cidade.
O delegado também explicou que o crime configura apropriação indébita, quando alguém recebe algo de boa-fé e decide se apropriar do bem. Caso haja falsificação de documentos ou revenda sabendo da origem ilícita, outros crimes podem ser configurados, como estelionato e receptação.
“Se a investigação, avançando, indicar que ele [o proprietário] teve participação, ou que ele comprou o veículo sabendo dessa situação toda, com certeza pode responder por receptação, ou pelo estelionato em si, a própria indébita, ou por receptação, aquele do artigo 180 do Código Penal.”
Segundo ele, o caso se estendeu por quase dois anos porque o proprietário só procurou a polícia recentemente.
“Na verdade, ele procurou a gente aqui essa semana. Então, o carro foi recuperado de forma muito rápida, com apoio do Poder Judiciário. Sexta-feira foi feito o registro. Nós tínhamos operações em andamento por causa das meninas lá de Anguera e mesmo assim a gente conseguiu tempo para fazer essa representação na sexta e ontem, terça-feira, saiu a decisão do juiz de busca e apreensão. Então, a terceira vara, o Ministério Público também foi muito rápido na apreciação do pedido. E a gente pegou o carro rapidamente”, destacou.
“Agora, o suposto estelionatário passou dois anos enrolando. O idoso ameaçava procurar a polícia, ele dava mais uma desculpa, ia enrolando e se dizia até da mesma igreja do idoso, que é evangélico. E foi levando, como se diz no popular, ‘no banho-maria’. Então, a demora, na verdade, foi dele procurar a polícia”, acrescentou.
O verdadeiro dono do carro, o advogado José Roque Júnior, agradeceu o trabalho da Polícia Civil e da Justiça baiana. “Foi uma longa batalha. Eu moro no Rio de Janeiro. E, na verdade, eu entreguei esse veículo a uma pessoa que hoje eu estou vendo que é uma pessoa voltada à prática do crime. Eu não sabia. Eu fui apresentado a ele por um amigo, uma pessoa de confiança, e ele me ludibriou por muitos anos, mas a mentira tem pernas curtas. Graças a Deus, eu encontrei o meu veículo e, se Deus quiser, vou levá-lo para o Rio de Janeiro”, confirmou ao Acorda Cidade.
José Roque contou que, na sexta-feira, dia 10 de outubro, finalmente
descobriu que estava sendo enganado, quando percebeu que o veículo não
estava mais registrado na base do Detran do Rio de Janeiro e havia sido
alienado para o Bradesco, na Bahia.
Ele afirmou ter pago R$ 215 mil à vista pelo automóvel e lamentou o prejuízo enfrentado. “Graças a Deus o trabalho do doutor José Marcos, um delegado eficiente, junto com a equipe dele, correu atrás, procurou esclarecer os fatos, tive um apoio muito grande aqui da Justiça da Bahia, de Feira de Santana, fui realmente muito bem recebido aqui, eu também quero agradecer ao Poder Judiciário, por ter cumprido um papel excelente, e graças a Deus meu carro está aqui, e vai ser transportado para o Rio de Janeiro”, agradeceu o advogado.
O delegado ainda destacou que não é o primeiro caso desse tipo em Feira de Santana e que a Polícia Civil pretende aprofundar as investigações sobre fraudes em transferências de veículos feitas sem a assinatura ou o consentimento do proprietário.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
0 Comentários