O policial Carlos José Queiroz Viana

Os responsáveis pela morte do inspetor da Polícia Civil Carlos José Queiroz Viana, de 59 anos, executado com 12 tiros, nesta segunda-feira, em Piratininga, no município de Niterói, usaram um Ônix branco, que ostentava uma placa clonada de um carro de São Paulo, para transportar um atirador até o local onde o crime ocorreu. Segundo investigações da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), pouco tempo antes do assassinato, o veículo cruzou os 13 quilômetros da ponte Rio-Niterói, no sentido Niterói. Na ocasião, o automóvel passou pela Praça de Pedágio sem pagar a tarifa de R$ 6,20, cobrada aos motoristas de automóveis.

Segundo a polícia, furar o pedágio seria parte de uma estratégia adotada pelo grupo criminoso para evitar uma possível identificação dos ocupantes do veículo.

— Eles vieram do Rio no Ônix. Foi tão planejado(o crime) que tiveram determinados cuidados. Por exemplo, eles não baixaram os vidros(para não serem vistos no caso de uma consulta posterior as imagens do circuito de segurança) e passaram no pedágio sem pagar — disse o delegado Willians Batista, da DHNSGI, na última segunda-feira.

Carro onde os suspeitos foram presos e armas encontradas no veículo — Foto: Júlia Aguiar/Agência o Globo e reprodução
Carro onde os suspeitos foram presos e armas encontradas no veículo — Foto: Júlia Aguiar/Agência o Globo e reprodução

Pouco depois, por volta das 7h, o carro já estava na rua onde morava o inspetor Carlos José Queiroz Viana. Quando a vítima saiu de casa para jogar o lixo fora, o Ônix branco arrancou e se aproximou. Um homem que estava no banco do carona colocou parte do corpo para fora do veículo e fez uma primeira série de disparos contra o policial. Após alguns segundos, ele disparou novos tiros. Só então o automóvel deixou o local. Segundo a polícia, o carro voltou a cruzar mais uma vez a ponte, no sentido Rio.  

Os três suspeitos, Mayck Junior Pfister Pedro e os policiais militares Felipe Ramos Noronha, lotado no 15º BPM (Caxias), e Fábio de Oliveira Ramos, do 3º BPM (Méier), foram presos quando estavam em um Jeep Compass, que segundo a polícia, seria roubado. A abordagem aconteceu em Xerém, município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O veículo foi interceptado próximo do local em que o Ônix branco, usado no crime, foi incendiado. Em Niterói, este último automóvel foi identificado pelas câmeras do Centro Integrado de Segurança Pública da cidade e foi acompanhando pelas imagens até a entrada da Ponte Rio-Niterói. Depois, as polícias Civil e Rodoviária Federal (PRF) foram acionadas para monitorar o veículo, que acabou sendo encontrado em Duque de Caxias.

No interior do veículo, foram encontradas celulares e três armas, entre elas duas pistolas de calibres diferentes. O armamento é do mesmo tipo do que foi utilizado por criminosos para matar o policial civil. Todo o material foi encaminhado, nesta terça-feira, para uma perícia balística. Os projéteis retirados do corpo da vítima serão comparados com as armas.

Imagens obtidas pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) também mostram os dois carros seguindo um mesmo trajeto, em Duque de Caxias. A especializada investiga se o caso está ligado à contravenção, à máfia de cigarros ou ao trabalho do policial. E se os presos integram uma organização criminosa especializada em executar assassinatos. 

— Uma série de fatores nos levam a concluir inicialmente que se trata de uma organização criminosa voltada para, entre outras coisas, a prática de homicídios. Por ser na região de Caxias, tem uma série de coisas que a gente consegue posicionar para suspeitar da participação da contravenção ou da máfia do cigarro, ou ambas. Então, tudo isso tem de ser levado em consideração — completou o delegado Willians Batista, da DHNSG.

Nesta terça-feira, a Justiça converteu em prisão preventiva a prisão em flagrante dos três suspeitos. A decisão foi tomada durante uma audiência de custódia, realizada na Central de Custódias, em Benfica, na Zona Norte do Rio.

O inspetor Carlos José Queiroz Viana era lotado 29ª DP (Madureira). Ele foi sepultado, nesta terça-feira, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói. A família preferiu não falar sobre o caso com os jornalistas.

Responsável pela defesa do PM Fábio de Oliveira Ramos, o advogado Ângelo Tancredo alega que seu cliente não estava no local do crime.

— Ele foi a Xerém por um pedido de ajuda mecânica. Temos imagens que provam que, na hora do crime, meu cliente estava em outro lugar. O Fábio não tinha conhecimento de nenhuma atividade ilícita—disse o advogado.

A defesa de Mayck Junior Pfister Pedro e do PM Felipe Ramos Noronha, alegou que seus clientes são inocentes das acusações feitas pela polícia. 

Extra o Globo