O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), bateu na mesa e elevou o tom de voz em um embate com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), em torno do parecer de Guilherme Derrite (PP-SP) sobre o projeto antifacção do governo Lula para o combate às facções criminosas.
Os dois participavam na manhã de terça (11) da reunião de líderes dos partidos da Casa, em que são definidos os projetos que entrarão na pauta da semana para votação.
O clima do encontro começou azedo por causa dos amplos ataques e críticas que o governo, o PT e especialistas na área de segurança faziam nas redes sociais e na mídia naquele momento ao relatório de Derrite.
Uma crítica especialmente, feita por Lindbergh, tinha irritado Motta: a de que ele tinha promovido um "furto com abuso de confiança" contra Lula ao indicar Derrite, um deputado de oposição, para relatar um projeto crucial para o presidente. O crime está previsto no artigo 155 do Código Penal.
Lindbergh também apelidou o relatório de Derrite de "PEC da Blindagem 2.0".
Depois de discutir a pauta, Hugo Motta passou a falar de Derrite.
Foi quando bateu na mesa , elevou o tom de voz e disse: "A prerrogativa de indicar o relator [do projeto de lei] é do presidente da Câmara dos Deputados. É minha. E não é bravata ou campanha de difamação em redes sociais que vai me intimidar ou fazer recuar".
Segundo ainda relatos, Motta seguiu dizendo que não é desonesto e que "até quando eu erro, erro com boas intenções".
Sustentou, no entanto, que a indicação de Derrite era um acerto. "É uma escolha técnica, de uma pessoa que há mais de 20 anos estuda o assunto. A segurança não é de A, de B ou de C. O projeto é técnico, não é político", afirmou ele, segundo diferentes relatos.
O presidente da Câmara disse ainda que o relatório de Derrite está sujeito a alterações, e que todos os partidos e parlamentares podem sugerir mudanças no texto.
Quando a palavra foi passada para os líderes, Lindbergh rebateu. Disse que há uma tentativa da oposição de se apoderar da autoria da proposta e que Derrite "desmontou o projeto do governo", fazendo o maior ataque da história à Polícia Federal (PF). E indicou que seguiria criticando a escolha de Motta.
Em sua proposta inicial, Derrite afirmava que a PF só poderia atuar nos estados sob provocação dos governadores.
Em um segundo momento, alterou o texto dizendo que a PF tinha autonomia, mas precisava informar os estados sobre as investigações em curso. Com as críticas, ele acabou recuando definitivamente e retirando a PF de sua proposta.
A tramitação do projeto e as críticas a Motta estremeceram neste momento a relação entre ele e o governo Lula. Mas ministros já o procuraram para tentar acalmar a situação.
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