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O município de Feira de Santana foi alvo da Operação Sinete, deflagrada nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (26), com o objetivo de desarticular um grupo criminoso responsável por fraudar documentos, grilagem de terras e lavagem de capitais.

Durante a operação, foram cumpridos 47 mandados de busca e apreensão, além de sete mandados de prisão temporária. 12 carros, duas motocicletas, dinheiro em espécie, joias e diversos documentos também foram apreendidos.

No final da manhã desta quarta, uma coletiva de imprensa foi concedida com os delegados do Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), responsáveis pela operação.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a delegada Arislene Almeida informou que as investigações da Polícia Civil, apontam o envolvimento de empresários, policiais militares e civis, além de advogados.

Delegada Arislene Almeida
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Inicialmente, nós tivemos informações tanto de testemunhas quanto de vítimas de que tinham os seus terrenos invadidos por uma organização criminosa estruturada em três núcleos. A existência de indícios nesse sentido, justamente a partir da nossa investigação, composto por delegatários, por policiais civis, policiais militares, agentes públicos de forma geral, assim como empresários, advogados, que trabalham justamente com essa finalidade de invadir essas terras, de coagir as vítimas, de extorquir, para conseguir essas terras e posteriormente fraudar matrículas, como se fossem os proprietários de fato daquele bem, daquele terreno”.

De acordo com a delegada, os casos aconteciam desde o ano de 2013.

“Nós temos relatos de vítimas a partir de 2013. Não quer dizer que não tenham informações anteriormente, nós temos os relatos de 2013, 2015. Nós desenvolvemos também no contexto da nossa investigação interceptações telefônicas, e interceptação telemática, justamente com a finalidade de substanciar ainda mais as informações que a gente já tinha”, pontuou.

Ainda segundo a delegada, os veículos apreendidos, podem ter sido comprados como forma de lavagem de dinheiro.

“Essas pessoas se utilizam da prática criminosa e uma forma de disfarçar essa atuação, acabam realizando lavagem de capitais. E essa prática se dá de diversas formas e dentre elas a circulação do capital que foi obtido com a venda de terrenos que não eram seus e com a obtenção do dinheiro acabavam adquirindo outros bens. Então, há grande possibilidade dos veículos que foram apreendidos hoje, inclusive, acredito, salvo engano, 12 automóveis, 3 motos, tenham sido fruto justamente da prática criminosa”, disse.

Quem também participou da coletiva de imprensa, foram os delegados Alexandre Galvão e Vitória Almeida.

Delegados
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade | Delegada Vitória Almeida, Delegada Arislene Almeida e o Delegado Alexandre Galvão

Ao Acorda Cidade, o delegado informou que grande parte dos imóveis, pertenciam a pessoas com baixas condições financeiras.

“Inicialmente se detectou que eram terrenos de pessoas pobres, onde era feita a ameaça para que as pessoas deixassem seus imóveis. E a partir daí, indivíduos em parceria com cartórios conseguiam maquiar novas matrículas e tornavam-se, legítimos proprietários documentados desses documentos que foram de fato grilados. A partir daí, eram revendidos para outras empresas ou mesmo já se abria novos condomínios e diversos outros bens que foram criados dentro desses imóveis. Nós temos empresas, nós temos condomínios, nós temos uma quantidade realmente grande de imóveis que foram afetadas por essa prática ilícita aqui no município”, destacou.

O delegado também informou que os bens podem ser devolvidos os verdadeiros proprietários.

Delegado Alexandre Galvão
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“No correr das investigações, é possível que matrículas sejam canceladas. Sendo canceladas essas matrículas, os imóveis podem vir a voltar aos proprietários anteriores. Proprietários esses, que volto a dizer, regra geral, eram poceiros”, disse.

Todas as pessoas que foram conduzidas para a delegacia, permanecerão custodiadas em Feira de Santana.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade