
Alvo da Polícia Federal (PF) na nova fase da Operação Sem Desconto, a empresária Roberta Luchsinger enviou mensagens ao lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, para que ele emitisse um comunicado desvinculando-se de uma empresa para a qual ela trabalhou. O motivo era a preocupação com repórteres do Metrópoles que apuravam o assunto.
Roberta (à direita na foto em destaque) queria que o Careca do INSS negasse que havia feito parte da empresa DuoSystem, para quem ambos teriam feito lobby junto ao Ministério da Saúde em 2024, conforme mostram dados de entrada e saída de pessoas da pasta.
A empresária, que é herdeira de um banqueiro e amiga de Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do presidente Lula (PT), foi um dos alvos de busca em operação na quinta-feira (18/12), que também resultou na decretação de 16 prisões preventivas e oito ordens de monitoramento por tornozeleira eletrônica. Roberta foi proibida de sair do país.
A operação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PF, Roberta recebeu R$ 1,5 milhão do Careca do INSS. Em uma dessas transferências, ele explicou que o dinheiro era para “o filho do rapaz”, possivelmente referindo-se a Lulinha.

“Metrópoles em cima deles”
De acordo com trecho da decisão de Mendonça atribuído à investigação da PF, Roberta “demonstra grande preocupação” pelo Careca do INSS constar como representante da Duosystem, uma empresa de tecnologia para a qual ela teria prestado consultoria.
“Ela acredita que tenha sido um erro do Ministério da Saúde, mas o Metrópoles estaria, segundo palavras de Roberta, ‘em cima deles’ para saber do que se tratava. As mensagens deixam nítido que Roberta não queria ter seu nome associado ao de Antônio Camilo [Careca do INSS], especialmente no âmbito do Ministério da Saúde, nova possível área de atuação da organização criminosa”, diz trecho da decisão.
Na ocasião, a reportagem já havia mostrado a atuação do lobista no esquema bilionário de descontos indevidos contra aposentados do INSS, revelado pelo Metrópoles.
Diante dos questionamentos da reportagem, Roberta pede uma manifestação na qual o Careca do INSS negue a participação na firma. “Seria possível seu advogado emitir uma nota dizendo que você nunca fez parte dessa empresa?”, disse Roberta em mensagem enviado ao lobista e interceptada pela PF.
Reunião no Ministério da Saúde
A reportagem, publicada na coluna de Tácio Lorran, mostrou, a partir de dados obtidos por meio de Lei de Acesso à Informação (LAI), que Roberta Luchsinger e o lobista foram à sede do Ministério da Saúde para falar em nome da empresa DuoSystem, no fim de 2024.
O Ministério da Saúde admitiu que recebeu representantes da DuoSystem, mas que “não houve nenhum desdobramento após as reuniões”. À época da apuração, a empresa admitiu à reportagem que Roberta já trabalhou como relações institucionais da companhia, mas negou qualquer relação com o Careca do INSS.
A defesa de Roberta disse à reportagem que a relação da empresária com o lobista foi por meio da empresa World Cannabis, de maconha medicinal, e não pela DuoSystem. À época dos fatos relatados pelo Metrópoles, Roberta entrou no ministério, onde estava registrada com um cadastro antigo da DuoSystem, mas já não fazia mais parte da empresa à época dos fatos, segundo o advogado da empresária.
Fonte:Metrópoles
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