Covid-19: Cidades da Europa resistem a bloquear circulação de pessoas novamente

 

Entregador passa por praça vazia em Madri após quarentena por coronavírus

Entregador passa por praça vazia em Madri, na Espanha durante lockdown imposto na primeira onda da Covid-19


À medida que os casos do novo coronavírus aumentam em todo o continente, governos europeus enfrentam um novo obstáculo aos esforços para fazer cumprir restrições de circulação - com várias cidades e regiões importantes lutando contra as instruções de bloqueio nos últimos dias.

Prefeituras no Reino Unido, França e Espanha resistem aos esforços centralizados para impor regulamentações mais rígidas, com dias de negociações tensas em andamento à medida que as infecções aumentam durante a segunda onda.

Divergências no Reino Unido

Em Manchester, no norte da Inglaterra, o prefeito local Andy Burnham entreou em artrito com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sobre a possibilidade de mudar a cidade do segundo nível de restrições do Reino Unido para o terceiro nível mais severo.

"Se não for possível chegar a um acordo, terei de intervir para proteger os hospitais de Manchester e salvar as vidas dos residentes da cidade", disse Johnson na sexta-feira, instando Burnham a "reconsiderar sua posição" e "se envolver de forma construtiva" com o governo.

Burnham, porém, tem resistido aos esforços do governo para aumentar a severidade das medidas de sua cidade, pedindo mais incentivos financeiros para proteger os trabalhadores da região submetidos a regras mais rígidas.

A tensão mostra mudanças significativas em relação ao primeiro pico da Covid-19 no Reino Unido, quando as quatro nações (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) basicamente entraram em confinamento em uníssono, e a adesão das autoridades regionais e do público era garantida.

Em vez disso, agora há confusão em algumas partes do país sobre quais regras eles são obrigados a aderir, com muito dependendo da disposição de suas autoridades locais em seguir as instruções do governo.

Em Londres, o prefeito Sadiq Khan pedia regras mais duras por vários dias antes de Johnson as anunciar, enquanto em Liverpool, Lancashire e outras regiões, acordos foram feitos com o governo pouco antes do fim de semana, com alguns vereadores expressando dúvidas sobre as ordens.

No entanto, mesmo onde os líderes locais são receptivos a regras mais rígidas, o público parece menos aberto.

"Estou farta", disse Rebecca Duncan, de 39 anos do sul de Londres, à CNN na sexta-feira, depois que a cidade passou para o "nível 2". "É como se uma coisa começasse a se abrir e a vida parecesse um pouco normal e então outra coisa surgisse e nos empurrasse de volta."

Além da oposição de legisladores locais e empresários ofendidos, a questão do policiamento está causando confusão em algumas áreas.

O chefe da polícia de Manchester respondeu com firmeza no sábado a uma reportagem do jornal Telegraph, que alegou que havia "temores" sobre se os policiais seguiriam o exemplo de Burnham e se recusariam a implementar medidas ordenadas pelo governo de Johnson.

"Realizamos o policiamento operacional sem medo ou favorecimento e de acordo com o código de ética dos Serviços de Polícia ao lado de colegas em todo o país", disse Ian Hopkins em um comunicado.

E um cenário semelhante está se desenvolvendo em toda a Europa, enquanto os líderes lutam com as dificuldades de buscar uma abordagem para desacelerar a disseminação da Covid-19.

Tribunal considera bloqueio ilegal na Espanha

No início deste mês, um tribunal de Madri rejeitou as leis de bloqueio impostas à capital pelo governo espanhol, deixando milhões de residentes se perguntando se eles estavam autorizados a viajar para um feriado nacional.

O tribunal decidiu que as restrições, que proibiram os residentes de deixar a capital e nove subúrbios na sexta-feira passada, interferiram nos "direitos fundamentais dos cidadãos sem mandato legal".

O governo nacional de esquerda da Espanha e a administração regional de centro-direita de Madri há muito se desentendem por causa da resposta à pandemia, e as medidas de bloqueio são o mais recente campo de batalha político.

Suspensão de toque de recolher na Alemanha

Já na Alemanha, uma série de ordens judiciais estão causando problemas para o governo de Angela Merkel, enquanto a governante tenta lutar contra um crescente número de casos.

Mais proeminentemente, um tribunal de Berlim se posicionou contra o governo e um grupo de empresários na sexta-feira, suspendendo os toques de recolher tarde da noite em bares e restaurantes da cidade.

O tribunal concluir não haver indícios de que fechar estabelecimentos de comida e bebida entre 23h00 e 6h ajudaria a combater o contágio. A medida, que entrou em vigor em 10 de outubro, foi, portanto, uma "usurpação desproporcional da liberdade" da indústria da hospitalidade, disse o tribunal.

O Ministro da Saúde, Jens Spahn, declarou estar "muito desapontado" com a decisão, dizendo que "não há dúvida de que nas grandes cidades, especialmente durante a madrugada, o que está acontecendo em locais públicos e privados é um fator causador de infecções atuais", de acordo com a AFP.

Menor oposição na França

Emmanuel Macron vai acompanhar de perto as discussões que acontecem em toda a Europa, depois de impor toques de recolher em Paris e em várias outras cidades francesas que entraram em vigor na sexta-feira. Até o momento, o governo francês não enfrentou grande oposição ao plano.

Enquanto isso, os casos continuam aumentando em todo o continente. Reino Unido, Alemanha, Itália, Polônia e República Tcheca, junto com outras nações, registraram o maior número de infecções por Covid-19 confirmadas em outubro, à medida em que os líderes alertam sobre surtos de inverno potencialmente graves.

Fonte:CNN

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