Milícia cobra taxa semanal de malabaristas que se apresentam nos sinais de Campo Grande

 

Armas apreendias com milicianos que trocaram tiros com policiais quinta-feira: 12 suspeitos mortos
Armas apreendias com milicianos que trocaram tiros com policiais quinta-feira: 12 suspeitos mortos Foto: Luiza Moraes / Agência O Globo


A Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) descobriu que milicianos de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, cobram taxas semanais de malabaristas que se apresentam nos sinais de trânsito do bairro em busca de trocados dos motoristas. Moradores em situação de rua que são flanelinhas durante o dia também sofrem extorsão dos paramilitares. A informação foi dada neste sábado (17) pela colunista do EXTRA Berenice Seara.

— Quando a gente fez diversas apreensões em operações passadas, em 2017, 2018, chamaram atenção na contabilidade da milícia anotações do tipo: “tia do sinal”, “negão da água”, “flanelinha”, e aí a gente começou a buscar mais informações. A gente descobriu que a milícia cobra dos ambulantes que vendem pipoca e salgadinho nas ruas, por exemplo. Não há um valor fixo, depende da localidade e do porte do comércio. Nem essas pessoas que têm a vida muito humilde são poupadas pela milícia — disse o delegado-titular da Draco, William Pena Junior, que investiga a milícia desde quando estava na 35ª DP (Campo Grande).

A informação sobre a prática criminosa chegou aos policiais através de denúncias. As taxas cobradas pela milícia variam de acordo com a atividade exercida pelo alvo da extorsão, explica o delegado:

— A do flanelinha é, por exemplo, de R$ 10 por semana. A taxa cobrada da tia da pipoca é de R$ 15. Uma farmácia tem que dar R$ 500.

Willian Pena ressaltou a importância de as pessoas denunciarem pelos canais anônimos, como o Disque Denúncia e a Ouvidoria da Polícia Civil, para fornecer informações importantes para a polícia, mas protegendo a identidade.

— As denúncias são muito poucas em relação à quantidade de crimes. É óbvio que a gente não quer que eles se exponham, que eles corram risco de vida, mas é preciso entender que a contribuição que eles dão para a segurança pública é de grande valia. O mínimo que eles contribuem ajuda muito a gente, por exemplo, informações sobre dias, horários de cobrança da milícia, valores que estão sendo cobrados, características dos veículos. Eles sabem dizer até características físicas importantes desses cobradores — explicou.

Também na Zona Oeste, um homem e uma mulher foram presos neste sábado (17) pela Polícia Civil acusados de integrar uma milícia que extorque dinheiro de moradores de um conjunto habitacional de Santa Cruz e já expulsou dez famílias do local este ano para revender os apartamentos, conforme mostrou ontem o RJ1, da TV Globo. As investigações começaram a partir de uma denúncia feita por vítimas que procuraram a 14ª DP (Leblon) — a opção pela delegacia da Zona Sul, que fica a mais de 50 quilômetros do local do crime, foi por medo de ir a uma unidade perto da área de atuação do bando.

Na ação para prender os suspeitos, que contou com apoio da Draco, agentes encontraram nos endereços deles, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão, cadernos com anotações de contabilidade sobre as vendas dos imóveis, além de um coldre. Os dois ficaram calados no depoimento à polícia.

A força-tarefa criada pela Polícia Civil para combater as milícias no Rio prendeu, neste sábado, um homem acusado de ser paramilitar e de ter cometido um homicídio qualificado. De acordo com a polícia, Angelo Alan Talvoras Vianna, vulgo Anjinho, de 26 anos, foi localizado numa casa em Magé, na Baixada Fluminense, onde foi cumprido mandado de prisão preventiva contra ele.

O miliciano é acusado de, junto com outros dois homens, matar um desafeto em dezembro de 2019, com dois tiros, apos uma briga em frente ao Polo Desportivo no bairro Mauá, em Magé. De acordo com a inteligência da Polícia Civil, Anjinho tem anotações criminais por porte ilegal de arma de fogo e receptação.

Policiais da 33ª DP (Realengo) prenderam, sexta-feira (16), três homens e apreenderam um adolescente acusados de integrar uma milícia que atua em Guadalupe, na Zona Norte do Rio. A investigação, que estava em andamento há cerca de um mês, começou após a morte de um PM. Os três maiores de idade foram autuados por constituição de milícia privada, e o menor por fato análogo ao mesmo crime.

Dezessete mortos em confrontos

De quarta-feira (14) até este sábado (17) , a força-tarefa de combate à milicia prendeu 26 suspeitos de integrar bandos paramilitares e matou 17 em confronto.

Além dos quatro presos de Guadalupe, dos dois de Santa Cruz e do que foi capturado em Magé, a Polícia Civil prendeu, na quarta-feira, um suspeito de ser o “homem de guerra” da milícia que atua em Nova Iguaçu. Com ele, foi apreendida uma pistola com a numeração raspada. No mesmo dia, mas em outra ação, cinco suspeitos foram mortos em confronto com agentes da Core, que foram recebidos a tiros quando verificavam uma informação de que haveria uma reunião de milicianos na região conhecida como Km 32, também em Nova Iguaçu.

Na noite de quinta-feira (15), agentes das polícias Civil e Rodoviária Federal interceptaram um comboio de milicianos na altura do posto da PRF da Rio-Santos, em Itaguaí. Houve confronto, e os 12 bandidos, que estavam em quatro carros, foram mortos. Foi apreendido forte armamento com os suspeitos, incuindo cinco fuzis e três metralhadoras.

Na sexta-feira, a Polícia Civil fez uma operação para atacar o braço financeiro da milícia chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko. Dezoito suspeitos foram presos.

 

Fonte:Extra 

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