Políticos do Rio que se recusavam a fazer pagamentos sofriam ataques nas redes sociais

 Operação cumpriu mandatos ontem


A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio realizaram ontem uma operação para desbaratar uma quadrilha especializada em extorquir dinheiro de políticos do estado: eles eram ameaçados de se tornarem alvos constantes de fake news nas redes sociais se não contratassem serviços de uma empresa de marketink digital. A Justiça expediu um mandado de prisão e oito de busca e apreensão, inclusive dentro do complexo penitenciário de Gericinó. O acusado de chefiar o bando está foragido.

Uma das vítimas do grupo teria sido o prefeito reeleito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), que contratou a Informarketing após receber ameaças, durante a campanha. Segundo a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), a quadrilha controlava pelo menos duas dezenas de páginas em redes sociais que se passavam por sites de conteúdo jornalístico. O caso começou a ser investigado há alguns meses, depois de os políticos procurarem a Polícia Civil para denunciar as chantagens.

De acordo com a DRCI, o bando condicionava remoção das notícias falsas ao pagamento de quantias, a doações de cestas básicas ou à contratação da empresa de marketing digital. Houve buscas em endereços de seis suspeitos, e o homem apontado como chefe da quadrilha, o empresário Igor Patrick de Souza, não foi encontrado. Sua casa fica no bairro Vinte e Cinco de Agosto, em Duque de Caxias, e políticos da Baixada e da Costa Verde eram os mais procurados para a aplicação dos golpes. Além de Washington Reis, o deputado federal Áureo Lídio Moreira Ribeiro (Solidariedade), o prefeito de Magé, Rafael dos Santos Souza (PPS), e a prefeita eleita de Guapimirim, Marina Pereira Ribeiro (PMD), sofreram intimidações por parte do bando, informou a DRCI.

— Tínhamos várias investigações sobre crimes contra a honra e notícias falsas envolvendo políticos de vários partidos. Identificamos que havia um vínculo entre os ataques. A partir daí, conseguimos chegar à quadrilha, que montou uma grande estrutura na internet para difundir fake news — disse o delegado Pablo Sartori, titular da DRCI.

Os políticos, de acordo com a especializada, eram obrigados a fazer pagamentos a partir de R$ 10 mil por mês. A guadrilha também cobrava cestas básicas.

— O chefe do bando recebia usava contas bancárias, inclusive de sua própria mãe, para receber os pagamentos. Quando políticos se negavam a dar dinheiro, ele e os comparsas davam início aos ataques — conta Sartori.

O delegado disse que, por enquanto, não foi identificada a participação de políticos rivais nos crimes.

— A quadrilha atacava todos os políticos, independentemente de partido ou ideologia. Ela transformou a vida de vários num inferno — reumiu Sartori.

A operação Usuário Fake tem apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do estado (MPRJ)
Fonte:Extra

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