Apesar de aglomerações no Rio, secretário de Ordem Pública vê 'saldo positivo' no carnaval: 'Fechar bar não necessariamente resolve'

 Ruas lotadas na Lapa durante o carnaval

Não teve serpentina, blocos nem bateria, mas as aglomerações correram soltas em bares, casas de festa e ruas do Rio neste carnaval. Apesar da força-tarefa montada pela prefeitura com o apoio da Polícia Militar, jovens se reuniram sem respeitar o uso de máscara e o distanciamento social em pontos já tradicionais de violação dos protocolos sanitários. Apesar desses flagrantes, o secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale, avalia o saldo durante os dias de folia como positivo.

— Tivemos alguns pontos focais de aglomerações, mas, se olharmos para como os carnavais costumavam ser, vejo um saldo positivo. Conseguimos fazer a cidade funcionar normalmente em um contexto que seria de festa. Inclusive, agradeço muito aos blocos tradicionais que não desfilaram, foi um grande incentivo nesse sentido. No que diz respeito a cortejos menores, conseguimos dissipar com relativa tranquilidade — diz o secretário.

Se não se viram blocos carnavalescos de grande porte, a agitação noturna carioca, em especial, esteve a todo vapor nos últimos dias. De acordo com Carnevalle, os pontos mais sensiveis, como ja vinha ocorrendo desde o ano passado, foram no Leblon, na Barra da Tijuca e na Lapa, em locais tradicionais de bares e vida boêmia.

— Sendo muito sincero, o principal desafio é as pessoas entenderem a gravidade da situação do ponto de vista de saúde pública. Em alguns momentos, durante as fiscalizações, registramos uma hostilidade muito grande contra os agentes, garrafa de vidro sendo lançada, pessoas presas por desacato. Isso dificulta muito o nosso trabalho, porque dispersar uma multidão que está fazendo uso de bebida alcoólica, em um contexto como esse, não é algo trivial — argumenta o titular da Seop, que continua:

— Nem sempre interditar um bar resolve o problema. As pessoas estão bebendo na rua, com coolers, comprando em outros locais, pedindo por aplicativo... Na noite de sábado, no Leblon, fechamos um bar, uma banca de jornal e um mercado por descumprimento de normas. E as pessoas seguiram ali.

Segundo o secretário, os trabalhos de repressão às aglomerações permanecerão reforçados até a madrugada da próxima segunda-feira. Até o início da tarde desta terça-feira, no ultimo balanço divulgado pela Seop, 178 multas já haviam sido aplicadas, por diferentes motivos, nas operações capitaneadas pela pasta.

Durante essas ações, cabe aos fiscais da Vigilância Sanitária, que acompanham as fiscalizações, a tarefa de autuar os estabelecimentos ou indivíduos flagrados em atividades irregulares. De acordo com a Seop, as multas podem chegar a R$ 3.093,35, "dependendo da complexidade e risco da atividade econômica". Em caso de reincidência, o valor pode ser dobrado. Já as pessoas flagradas sem máscara ou em aglomerações pelos agentes têm de pagar R$ 112,48.

— Muitas vezes, enquanto estamos abordando um grupo, quem está no entorno pega a máscara que estava guardada e coloca. Mas a punição tem o seu papel, ajuda na dissuasão — defende Carnevale, acrescentando "ser válida" a discussão sobre a eficácia de impor sanções mais severas contra quem desrespeita as normas: — A grande questão é entender que o objetivo principal é a saúde das pessoas, mas sem fazer com que a cidade feche e pare. Muitos estabelecimentos estão se adequando, mesmo nesses locais mais críticos. Se você começa a fechar as portas de todo mundo, complica. Não podemos apelar aos radicalismo, de nenhum dos lados. 

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