Arqueólogos israelitas encontram fragmentos de texto bíblico em caverna

 Fragmentos encontrados são os primeiros pedaços  de texto bíblico

Dezenas de fragmentos do texto bíblico Manuscritos do Mar Morto foram encontrados por arqueólogos no deserto da Judéia, de acordo um comunicado do governo israelense divulgado nesta terça-feira (16).

Os fragmentos são os primeiros pedaços do Manuscritos do Mar Morto, recuperados de uma caverna onde rebeldes judeus se esconderam contra o Império Romano há 1.900 anos. A última descoberta havia sido feita há 60 anos.

Os pedaços de pergaminho estão escritos em grego e contêm versículos dos livros dos profetas Zacarias e Naum.

Os arqueólogos têm trabalhado nas cavernas e falésias do Deserto da Judéia desde 2017 como parte de uma "operação nacional que visa impedir o saque de antiguidades".

As equipes também encontraram o esqueleto de uma criança de 6.000 anos atrás, moedas raras e uma cesta completa com mantimentos que pode ser a mais velha do mundo, que pode ter mais de 10.500 anos.

Descobertos há 70 anos em cavernas ao redor de Qumran, os Manuscritos do Mar Morto estão entre os achados mais significativos da arqueologia, contendo as versões mais antigas da Bíblia Hebraica e outros textos judaicos que datam da época de Jesus.

A maioria dos rolos é mantida no Santuário do Livro, parte do Museu de Israel em Jerusalém.

Os últimos fragmentos de pergaminho foram encontrados na Caverna do Horror, que fica a cerca de 80 metros abaixo do topo de um penhasco no Deserto da Judéia, cujo único acesso é por meio de um rapel.

Pesquisadores trabalham dentro de caverno no deserto da Judeia
Pesquisadores trabalham dentro da Caverna do Horror, no deserto da Judéia
Foto: Eitan Klein/Israel Antiquities Authority

Desde que os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos há mais de 70 anos, a área atraiu a atenção dos saqueadores principalmente pela região ter excelentes condições climáticas, o que significa que pergaminhos e documentos antigos ficam excepcionalmente bem preservados.

"O objetivo desta iniciativa nacional é resgatar esses raros e importantes bens patrimoniais das garras dos ladrões", disse Israel Hasson, diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel, que pediu mais recursos para concluir a operação de recuperação.

"Devemos garantir que recuperemos todos os dados que ainda não foram descobertos nas cavernas, antes que os ladrões o façam. Algumas coisas não têm valor”, ressaltou Hasson.

Hananya Hizmi, chefe da equipe do Departamento de Arqueologia da Administração Civil da Cisjordânia, disse que este foi "um momento emocionante" e que os resultados da operação colocam um holofote sobre a história da região.

“Os achados atestam um estilo de vida rico, diversificado e complexo, bem como as duras condições climáticas que prevaleciam na região há centenas e milhares de anos”, disse Hizmi.

Desde outubro de 2017, as equipes pesquisaram 80 quilômetros de cavernas do deserto, muitas das quais são praticamente inacessíveis, segundo o comunicado à imprensa.

Onze linhas de texto foram reconstruídas, incluindo partes de uma tradução grega de Zacarias 8: 16-17. Em outro fragmento, versos de Naum 1: 5-6 foram identificados.

Esqueleto de 6.000 anos atrás preservado

Os arqueólogos também descobriram um esqueleto parcialmente mumificado de uma criança de 6 a 12 anos, enterrado em uma cova rasa sob duas pedras planas e envolto em um pano, que data 6.000 anos atrás.

"Era óbvio que quem enterrou a criança a envolveu e empurrou as pontas do pano por baixo dele, assim como um pai cobre seu filho com um cobertor", disse Ronit Lupu, arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel.

"O esqueleto da criança e o envoltório de tecido estavam notavelmente bem preservados e por causa das condições climáticas na caverna, um processo de mumificação natural ocorreu; a pele, tendões e até mesmo o cabelo foram parcialmente preservados, apesar do passar do tempo.

"Séculos de clima quente e seco significam que a grande cesta, com capacidade para 90-100 litros e feita de material vegetal, pode fornecer uma nova visão sobre como os produtos eram armazenados cerca de 1.000 anos antes da invenção da cerâmica”, explicou o comunicado.

CNN

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