Uma operação conjunta das polícias Militar e Civil, realizada em 11 de julho de 2024, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, virou alvo de uma investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).
A apuração aponta que três policiais militares e um ex-PM estão suspeitos de envolvimento em um esquema de desvio de armas que culminou na tortura e assassinato de dois homens. A informação foi divulgada pela reportagem da TV Bahia, na noite desta segunda-feira (11).
ENVOLVIDOS
- Roque de Jesus Dórea (Capitão do Departamento Pessoal da PM) – Principal suspeito, apontado como idealizador do desvio. Entrou em contato com o cabo Tibério para iniciar a operação e foi preso em agosto de 2024.
- Jorge Adisson Santos da Cruz (ex-PM, demitido por crime grave em 2015) – Participou da ação e foi preso na operação de agosto.
- Ernesto Nilton Nery Souza (soldado da PM, lotado na Liberdade) – Preso em agosto, confessou ter executado uma das vítimas e usado o cartão de crédito dela.
- Tibério do Vale Alencar (cabo da PM) – Envolvido na ação, negou acusações feitas pelo delegado Adailton Adam.
Na noite da operação, os policiais encontraram um arsenal enterrado em meio a um matagal, inicialmente apresentado como uma grande apreensão. No entanto, a investigação aponta que parte do armamento foi desviada.
Dois homens, Joseval Santos Souza, conhecido como "maquinista" (ligado ao tráfico), e Jeferson Sacramento Santos (enteado de Joseval), que serviram como informantes e guias do esconderijo, desapareceram após a operação. Eles foram sequestrados, sofreram extorsão e tiveram seus corpos encontrados dias depois, com sinais de tortura e perfurações por arma de fogo.
O delegado Nilton Tormes, exonerado do comando do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), é figura central na apuração, embora negue envolvimento direto nas ilegalidades.
O delegado Adailton Adam, responsável pela Delegacia Antissequestro, conectou os policiais investigados às mortes e conduziu parte da investigação.
Apesar das graves suspeitas, o diretor do Depom, Artur Gallas, afirmou desconhecer detalhes da apuração, que segue em andamento.
Linha do tempo dos desdobramentos
Dias antes de 11/07/2024
O
capitão Roque de Jesus Dórea obtém informações sobre um esconderijo de
armas e drogas em Lauro de Freitas, após operação que resultou na morte
de um criminoso da facção local.
11/07/2024 – Noite da ação
Um
grupo formado por policiais militares e civis, incluindo o delegado
Nilton Tormes (exonerado em março de 2024), cabo Tibério, capitão Dórea,
soldado Nery, ex-PM Jorge Adisson e outros se reúne em Salvador para
planejar a operação.
11/07/2024 – Aproximação do local
Os
policiais, guiados pelo informante Joseval, entram na mata sem
lanternas, encontram um tonel enterrado com armas e munições, e carregam
o material para uma viatura da Core.
Após a operação
As
armas apreendidas não são contadas oficialmente. Nenhum relatório
formal é produzido, e o armamento só passa por perícia após ser
manipulado várias vezes.
Entre 11 e 13/07/2024
Joseval e Jeferson, os dois informantes, desaparecem. Familiares recebem mensagens de sequestro e são extorquidos por R$ 30 mil.
12/07/2024
O corpo de Jeferson é encontrado na Avenida 2 de Julho, em Salvador.
14/07/2024
O corpo de Joseval é localizado em Cajazeiras de Abrantes, também com sinais de tortura e tiros.
Investigação
A
Delegacia Antissequestro inicia apuração. O delegado Adailton Adam
conecta policiais militares investigados às execuções. Soldado Nery
admite ter executado uma das vítimas e ter usado o cartão de crédito da
vítima.
Agosto/2024
Prisão de Roque Dórea,
Jorge Adisson e Ernesto Nery. Durante a operação, apreensão de armas,
drogas e dinheiro. Carta do capitão Dórea detalhando o desvio
desaparece.
Atualmente
O caso segue em
investigação pela Corregedoria da Polícia Civil e Ministério Público.
Familiares buscam justiça, enquanto os policiais negam as acusações.
O QUE OS ENVOLVIDOS DIZEM
- Defesas de Nery e Adisson não se manifestaram oficialmente.
- Cabo Tibério nega as acusações.
- Nilton Tormes rebate denúncias sobre desvio de armas e participação de informantes.
- Delegado Adailton Adam afirma que as denúncias estão sob apuração e nega ter formalizado denúncia de desvio.
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