A Polícia Militar (PM) prendeu nessa sexta-feira (8/8), um suspeito envolvido na abordagem policial que acabou com o cabo Johannes Santana baleado no pescoço na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, na última quinta-feira (7/8). Francisco Henrique de Lima foi detido na própria comunidade.
Segundo a corporação, o preso não um dos dois procurados – um jovem identificado como Kauan Alison Alves dos Santos, de 20 anos, autor do disparo que atingiu o PM, e um outro suspeito que roubou a arma do agente baleado. Apesar disso, ele aparece nas imagens gritando e tumultuando a ação policial, o que teria dificultado a prisão de Kauan naquela ocasião.
Ainda de acordo com a PM, um morador da comunidade denunciou, de forma anônima, a presença do suspeito armado em uma localidade de Paraisópolis. Agentes foram ao local e encontraram o homem com uma arma guardada em uma gaveta, além de seis celulares.
Ele foi conduzido ao 89° Distrito Policial (Morumbi) e na unidade policial foi constatado que o suspeito havia participado das agressões contra o cabo Santava no dia anterior. Francisco então foi preso por porte ilegal de armas.
A polícia pediu a prisão preventiva do agressor.
Buscas pelos suspeitos
A PM já procura pelos dois suspeitos flagrados nas imagens da ação há dois dias em Paraisópolis.
O atirador foi identificado como Kauan Alison Alves dos Santos, de 20 anos. Ele tem passagens criminais por roubos desde a adolescência — são dois atos infracionais, registrados em 2022, um no ano de 2023 e uma passagem quando já adulto, em 2024.
Durante as buscas, policiais militares notaram um homem carregando uma bolsa em atitude suspeita. Ao iniciar a abordagem, o indivíduo correu, mas abandonou a mochila.
No compartimento, os agentes encontraram 20 celulares e uma arma – também sem ligação com o armamento roubado do agente baleado no pescoço. O homem conseguiu fugir.
PM deixou hospital
O policial militar (PM) Johannes Santana teve alta médica nesta sexta-feira (8/8), após passar por uma tomografia e confirmar que não teve problemas mais sérios após levar o tiro no pescoço.
Ele foi internado logo após ser socorrido dentro da comunidade. Segundo a corporação, o tiro transfixou, o que significa que teve apenas “entrada e saída”, sem atingir órgãos vitais.
Ainda de acordo com a PM, ele teve uma vértebra pequena da coluna quebrada e passou por um especialista da área para avaliação. A princípio, a fratura não afetou os movimentos do agente, que chegou a entrar em contato com a esposa para tranquilizá-la já no hospital.
Câmera corporal do PM
Em imagens da câmera corporal do agente, é possível ver toda a dinâmica de perseguição do suspeito até a chegada do socorro para atender socorrer o policial. Ele fica cerca de três minutos em contato com o Copom.
Santana repete várias vezes que foi baleado, que teve a arma roubada e que está sangrando. É possível ver que em em alguns momentos ele pergunta aos moradores que testemunharam a ocorrência se ele foi atingido por uma pedra ou um tiro.
As imagens também revelam a dinâmica da perseguição que resultou no PM baleado. O agente, em uma moto, segue o suspeito até conseguir alcançá-lo em uma travessa da favela.
Durante a abordagem, populares que presenciavam a cena se aproximam e questionam a ação do PM dizendo para ele abaixar a arma. “Ae rapaziada cola ai, vamos ajudar o moleque”, diz uma das testemunhas. Enquanto isso, o suspeito resiste à abordagem policial.
Em um determinado momento, uma testemunha tenta puxar o suspeito e evitar a imobilização policial. Posteriormente, começa uma luta corporal em que o suspeito fica próximo à cabeça do agente, levanta a arma e atira à queima-roupa no pescoço do PM. Pelas imagens corporais, é possível notar que o cabo Santana não percebe que o suspeito está armado.
Após o disparo, o policial cai ofegante no chão e os vizinhos começam a gritar. Imediatamente, ele aciona o Copom e pede apoio, avisando que foi baleado e que teve a arma roubada pelos suspeitos. “Roubaram minha arma. Estou baleado”, relatou o agente.
Após alguns segundos, o cabo Santana se levanta e chega a perguntar aos moradores da região se havia levado uma pedrada ou um tiro: “Foi tiro, moço. Foi tiro”. Posteriormente, ele volta a pedir socorro no Copom, dizendo que está perdendo os sentidos.
Ao fim do vídeo, o policial relata estar vendo uma sirene policial na região, mas que passou reto e não foi lhe socorrer. Depois de poucos minutos, chegaram viaturas da Rotam e a equipe o socorreu.
Comunidade com medo
- Ao menos duas escolas municipais de ensino infantil liberaram mais cedo seus alunos na última quinta-feira (7/8), após o ocorrido.
- Um comunicado da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Perimetral, enviado a pais e responsáveis por alunos, diz que, “diante dos últimos acontecimentos em nossa comunidade”, liberariam as crianças para “famílias que quiserem e puderem vir buscá-las”. “Cuidem-se e mantenham-se seguros.”
- Em julho, moradores da comunidade protestaram após uma operação da PM que deixou um homem morto no local.
- O protesto mobilizou um grande efetivo do corporação na noite de 10 de julho. Os manifestantes criaram barricadas e atearam fogo em pneus e madeira nas ruas do bairro.
Capital com o metade dos PMs feridos
Dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) mostram que a capital paulista concentra, no primeiro semestre deste ano, 52,3% do total de policiais militares feridos em todo o estado. Foram, respectivamente, 11 e 21 casos.
A cidade também registrou aumento no número de PMs feridos enquanto trabalhavam. Foram 6, entre janeiro e junho do ano passado, ante 11 no mesmo período, representando alta de 83%.
Fonte:Metrópoles
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