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Equipes das polícias Civil e Militar realizam, na manhã desta sexta-feira, uma ação contra a expansão do Comando Vermelho em comunidades das zonas Sudoeste e Norte do Rio, no âmbito da Operação Contenção. Cerca de 500 agentes participam da operação, que ocorre em 15 comunidades espalhadas pela região metropolitana. Até o momento, sete pessoas morreram. Dezenove suspeitos foram presos, e as forças de segurança apreenderam dez fuzis, oito pistolas eduas granadas. Também foram retiradas 11 toneladas de barricadas.
A ação é realizada no dia seguinte à operação que culminou com a morte do traficante Ygor Freitas de Andrade, o Matuê. Apontado como um dos “homens de guerra” do Comando Vermelho (CV) na Zona Oeste do Rio, ele foi morto na manhã da última quinta-feira durante uma operação da Polícia Civil no Campinho, na Zona Sudoeste da cidade. Em agosto deste ano, ele e outros três homens foram denunciados pelo Ministério Público do Rio por matar uma jovem de 23 anos a mando de Edgar Alves de Andrade, o Doca, em 2023.
Urna para depositar valores para facção
De acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, a partir da operação realizada nesta quinta-feira foi possível monitorar toda a movimentação dos criminosos nas localidades que foram alvo da ação desta sexta. Segundo o delegado, durante a operação na Muzema foi encontrada uma urna onde comerciantes e moradores depositavam valores obtidos por meio de extorsão para a facção criminosa.
— Isso mostra que eles mudaram a tática e passaram a não se expor mais, fazendo a cobrança direta das taxas de segurança a comerciantes e moradores. Nós já prendemos muitas pessoas em flagrante dessa forma. Agora, eles passaram a usar esse tipo de dispositivo, deixando-o no local para que as pessoas depositem o dinheiro — explicou.
Além da urna, que ficava na calçada de uma rua da comunidade, a polícia encontrou diversos recibos em que os moradores preenchiam seus dados, endereço e o valor pago.
A Operação Contenção, o qual a ação faz parte, busca desarticular a estrutura financeira, logística e operacional do Comando Vermelho, além de prender traficantes que atuam na região. Desde abril, 98 criminosos foram presos e outros 10 foram mortos em confronto.
Nesta sexta-feira, participam da operação policiais civis dos Departamentos-Gerais de Polícia Especializada (DGPE) e da Capital (DGPC), das Subsecretarias de Planejamento e Integração Operacional (SSPIO) e de Inteligência (Ssinte) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Ao todo, 500 agentes estão na região, como no Morro do Banco, na Tijuquinha, na Muzema e no Sítio do Pai João.
Expansão do Comando Vermelho
Ao menos desde 2021, o Comando Vermelho articula um plano de expansão no Rio de Janeiro, visando à tomada de territórios pertencentes à milícia e ao Terceiro Comando Puro. No ano passado, a facção conseguiu tomar diversos locais historicamente dominados por grupos paramilitares na Zona Sudoeste.
Nas comunidades da região do Itanhangá, o clima não é diferente. Tidas como as mais pacíficas da cidade por muito tempo, hoje sofrem com as constantes guerras pelo controle de seu território. Atualmente, o tráfico controla totalmente o Morro do Banco, a Tijuquinha e a Muzema, antes dominados por grupos paramilitares, além de uma pequena parte de Rio das Pedras, berço das milícias no Rio.
O desejo do CV de controlar a região da Grande Jacarepaguá, onde ficam bairros tradicionalmente dominados pela milícia, existe há cerca de uma década. Para a facção, além da demonstração de força, essa área é estratégica por permitir à organização formar um “cinturão” no entorno da Floresta da Tijuca — o que facilitaria eventuais fugas em caso de operações policiais ou de invasões por rivais.
De acordo com o subsecretário operacional da Polícia Civil, Carlos Oliveira, o interesse do Comando Vermelho na região se justifica porque é a partir de Jacarepaguá que saem as investidas para alcançar toda a zona sudoeste e oeste da cidade.
— Eles usam Jacarepaguá como uma plataforma para avançar sobre essas áreas. Dali partem as ações que chegam a Guaratiba, Santa Cruz, Campo Grande e Itaguaí, conectando mais adiante com a Costa Verde e fechando o cerco usado a Vila Kennedy como outra plataforma, para dominar os mesmos territórios — explicou ele.
As 15 comunidades alvo da operação foram:
- Morro do banco
- Tijuquinha
- Muzema
- Sítio do pai João
- Gardênia
- Bateau Mouche (Praça Seca)
- Chacrinha (Praça Seca)
- Cidade de Deus
- Complexo da Mangueirnha (Duque de Caxias)
- Morro da Caixa D’Água (Quintino)
- Morro do Dezoito (Água Santa)
- Morro do Jordão (Taquara)
- Morro do Juramento (Vicente de Carvalho)
- Pendura-Saia (Praça Seca)
- Vila Kennedy
Durante a ação da PM no Complexo da Mangueirinha, um criminoso conhecido como “Ben 10” foi preso. Segundo o secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo Menezes, ele era um "puxador de guerra".
— Foi um resultado importante prender uma liderança do Corte 8. Ele era um puxador e liderava invasões nas áreas do Fubá e do Campinho. A nossa expectativa é que, futuramente, possamos desenvolver mais operações nesse sentido, ou seja, ações integradas, com objetivo e baseadas em inteligência , que certamente trarão resultados significativos para a segurança pública do Estado do Rio de Janeiro — afirmou.
Fonte:O Globo
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